Você já flagrou seu cachorro lambendo as patas com insistência e ficou sem saber se era normal? Esse comportamento, quando pontual, pode ser apenas um jeito de o cão se limpar. Mas quando vira hábito frequente, é um sinal claro de que algo está incomodando. O problema é que muitos tutores não percebem que a lambedura constante pode levar a infecções, feridas abertas e até alterações comportamentais mais sérias.
As razões mais comuns para um cachorro lamber as patas
Lamber a pata não é necessariamente um sinal de alerta, mas quando esse comportamento é repetitivo e focado sempre na mesma região, merece atenção. Entre as causas mais frequentes, três se destacam:
1. Alergias (alimentares ou ambientais)
A mais comum das causas para esse comportamento é a alergia canina, que pode ter origem alimentar ou ambiental. Poeira, ácaros, pólen e até produtos de limpeza usados na casa podem causar coceiras nas patas do animal. E, diferentemente dos humanos, os cães costumam manifestar alergia cutânea lambendo ou mordendo partes do corpo.
No caso de alergia alimentar, proteínas como frango ou carne bovina estão entre as maiores suspeitas. Já em alergias ambientais, é comum o problema aparecer após caminhadas, contato com o gramado ou mudança de produtos no piso da casa.
O que fazer:
A primeira atitude é observar quando o cachorro lambe mais — logo após comer ou ao voltar da rua, por exemplo. Vale lavar as patas com água e sabão neutro após os passeios. Caso o comportamento persista, o ideal é consultar um veterinário para investigar possíveis alérgenos e, se necessário, iniciar uma dieta de exclusão ou indicar medicação antialérgica.
2. Cachorro com dor localizada ou corpo estranho
Imagine caminhar com um cisco no sapato o dia inteiro — é mais ou menos isso que seu cão pode sentir ao pisar em algo pontiagudo ou ter um machucado não visível. Cães que passam muito tempo ao ar livre podem acabar com espinhos, pedrinhas, cacos de vidro, pregos ou lascas de madeira presos entre os dedos, causando dor e inflamação.
Outro ponto a observar é a possibilidade de dor articular, especialmente em raças de cachorro mais pesadas ou idosas. A pata pode ser lambida como uma tentativa de alívio.
O que fazer:
Inspecione com cuidado as patas, entre os dedos e nas almofadas plantares. Verifique se há sinais de inchaço, vermelhidão, sangramento ou corpo estranho. Caso encontre algo, remova com pinça esterilizada e limpe com antisséptico próprio para pets. Se houver suspeita de dor interna ou o cão resistir ao toque, a recomendação é levá-lo imediatamente ao veterinário.
3. Tédio, ansiedade ou compulsão
Assim como humanos roem unhas quando estão ansiosos, cães podem desenvolver comportamentos compulsivos como lamber as patas por estresse, solidão ou frustração. Isso é comum em animais que passam muitas horas sozinhos, com pouca estimulação física e mental.
Esse tipo de lambedura costuma ser mais intensa à noite ou em momentos de inatividade, e pode até gerar feridas crônicas, conhecidas como dermatite por lambedura.
O que fazer:
Reforce o enriquecimento ambiental com brinquedos, atividades olfativas e passeios regulares. Brinquedos recheáveis, como Kongs com petiscos congelados, funcionam muito bem. Também é importante dedicar tempo de qualidade ao cão diariamente. Se o comportamento for muito insistente, um veterinário comportamentalista pode ajudar com estratégias específicas.
Quando é excessiva?
Se o cachorro lambe a pata a ponto de causar perda de pelos, vermelhidão constante, mau cheiro ou feridas, o comportamento já passou do limite. O problema pode virar uma porta aberta para infecções por fungos e bactérias, além de indicar sofrimento físico ou emocional.
Alguns cães chegam a desenvolver nódulos, engrossamento da pele ou sensibilidade permanente na região — todos sintomas de um quadro negligenciado por tempo demais.
O papel do tutor do cachorro: vigilância e atitude
É comum subestimar sinais sutis como esse, mas cães não têm como verbalizar dor ou desconforto. Lamber a pata pode parecer “mania”, mas é, na verdade, uma linguagem corporal que precisa ser interpretada.
Manter o hábito de verificar as patas semanalmente, especialmente após passeios em locais diferentes, é uma forma eficaz de prevenção. Da mesma forma, observar mudanças no comportamento geral — como apatia, agressividade ou desinteresse em brincar — pode ajudar a identificar a causa do problema mais cedo.
Além disso, mantenha a tosa higiênica do seu cachorro em dia, especialmente entre os dedos, onde o acúmulo de sujeira ou umidade pode favorecer o surgimento de fungos.
Se você já tentou medidas simples, como lavagem das patas, troca de ração ou maior estímulo, e o comportamento persiste, não hesite: um veterinário é o profissional mais indicado para identificar a causa e prescrever o tratamento adequado.
Muitas vezes, a causa é multifatorial: o cão pode ter uma predisposição alérgica que se agrava com o tédio, ou uma dor antiga que se torna compulsão com o tempo. Por isso, cada caso exige abordagem específica.